Novo Blog novas aventuras. Desta vez o Mundo é o horizonte, sem fronteiras o objectivo é viajar, viajar, viajar... Partindo de Lisboa (base permanente pelo menos por enquanto), rumo ao conhecido e ao desconhecido com a mochila às costas, máquina fotográfica na mão e olhos bem abertos, é assim que quero ver este Mundo. A todos os que gostam de aventuras, histórias e fotografias o convite está feito, acompanhem-me pelos trilhos do planeta azul.

Sunday, December 10, 2006

O Regresso

"Voltei, voltei... voltei de lá... ainda agora estava em França e agora já estou cá."
Pois é... França foi só o ponto de paragem obrigatório para mudar de avião entre o Oriente e a minha casa... Quase 20 horas de viagem...
Os dois últimos dias no Vietname foram passados na capital Hanoi, sempre conseguimos ir à Discoteca e foi hilariante... a fachada estava coberta de Pais-Natal e lá dentro éramos recebidos por um casal de Pai-Mãe Natal e dois pinheiros cheios de bolas vermelhas. O tecto da New Century (a disco mais badalada da capital) estava coberto de bandeiras de vários países e a nossa querida bandeira portuguesa esta representada por dois magníficos exemplares... Na primeira noite de disco, no meio da pista, a ouvir a sirene que o DJ insistia em por a tocar, ao olharmos para cima no meio de uma chuva de balões que caiam do tecto e a saltar ao som da música "Jingle Bells" em versão disco, só me apetecia gritar "BO ĐÀO NHA" - Portugal em Vietnamita.
Estivemos a dançar das 23h à 1h da manhã, na discoteca onde se cruzam culturas e onde os baixinhos portugueses (dos quais eu sou um exemplar já de tamanho médio) se sentem altos... mesmo muito altos... este foi o único local onde podia dançar e respirar à vontade, onde podia olhar em volta e sentir que era grande, onde podia ver claramente até ao fim da pista... é fantástico... A noite acabou cedo porque o cansaço era imenso e porque a vida nocturna aqui começa e também acaba mais cedo. A caminho do Hotel já as buzinas tinham ido dormir e o silêncio era bem-vindo.
Caminhando para o Old Quarter à beira do lago, a passar pelas ruas calmas da cidade que dorme... nem se consegue imaginar como a agitação, a barulheira, a confusão, os cheiros e os sons se misturam em cada porta e em cada esquina... Esta é mesmo uma cidade incrível. Os dois últimos dias foram gastos a comer bem, a passear, a gastar os últimos Dong com os presentes de natal... mini-presentes porque a mochila tem espaço limitado e temos limite de peso à entrada do avião.
Quanto à parte mais histórica e cultural participámos na obrigatória "peregrinação" ao Mausoléu. Aqui, rodeados de todas as medidas de segurança e de muita disciplina, muito respeito, silêncio e guardas fardados, em fila indiana caminha-se do calor húmido do exterior para a câmara frigorífica onde se circunda o corpo de Ho Chi Min. Fui lá para (tal como aconselhava o livro) ver como os Vietnamitas reagem perante este símbolo, este herói do seu país. Mas em vez disso, fui eu que fiquei de boca aberta, fui eu que abrandei o passo. As perguntas começaram a nascer na minha cabeça, quem teria sido Ho Chi Min?, mais do que uma figura, teria gostado de conhecer a pessoa.
Algumas das questões foram respondidas na visita que se seguiu ao Museu... se calhar estava um bocado desorganizado, misturando vários estilos de exposição e vários documentos históricos... se calhar baralhei-me um bocado, mas valeu a pena.
Ainda numa onda de visita cultural, da parte da tarde fomos ao Templo da Literatura, onde as tartarugas de pedra são guardiãs da sabedoria dos mandarins que por aqui passaram ao longo dos anos. Por trás deste sítio de descanso e meditação plantado no centro da barulhenta cidade, está aquela que foi a primeira Universidade do Vietname. O sistema de ensino e de avaliação eram incríveis... não o seu de cor, mas tenho tudo registado e se tiver tempo um dia passo isso para o blog (mas antes ainda ponho cá as fotografias).
Saímos a correr, montados nas motas dos condutores alucinados e aceleras (máximo 50km/h), em zig-zag pelas ruas apinhadas de motas, bicicletas, carros e gente.... uma aventura de fechar os olhos de susto... Depois de umas razias e duns toques aqui e ali, lá chegámos todos sãos e salvos ao teatro para ver o "Water Puppets Show". Aqui o palco é uma espécie de piscina onde mergulham e nadam bonecos de madeira pintados de muitas cores, manobrados pelos artistas que se escondem por detrás da cortina. A acompanhar este "bailado" de figuras existe uma orquestra de instrumentos musicais tradicionais, e duas cantoras que nos vão relatando as cenas da vida diária do povo vietnamita. As lendas dos dragões, das tartarugas, a plantação de arroz, a criação de patos, rãs, a pesca, fazem todos parte deste espectáculo.
Agora tudo o que vimos e fizemos já está a parecer-me também um espectáculo, um filme... agora sim é tempo de parar e relembrar, tirar desta viagem tudo o que foi muito importante... é tempo de organizar as fotografias e as ideias. Agora no blog vou por as imagens, as frases e as ideias que ficaram da aventura por terras do oriente. Espero no fim da semana já ter imagens para vos mostrar.
Muitos beijinhos a todos e obrigada por nos terem acompanhado na nossa viagem.
E mil beijinhos especiais aos meus companheiros desta aventura.
Yô Vietnam.
Cam on.

Wednesday, December 6, 2006

Halong Bay

Sabem.... nem sei se consigo escrever...
tenho tanta coisa na minha cabeca... tantas imagens, tanto som, tanta cor, tanta coisa nova.... isto esta uma confusao... ja comeco a achar que 3 semanas e muito tempo de viagem... viagem sempre a abrir sem parar... agora preciso de tempo de descanso para absorver tudo o que temos estado a viver...
Quase que me sinto como uma crianca que descobre pela primeira vez alguma coisa... o sabor do chocolate, o nascer do sol, andar de bicicleta, os desenhos animados.... bem sei que isto sao coisas se calhar um bocado basicas, coisas das quais ja nao me lembrava... mas este mundo aqui e tao diferente, e estou a ve-lo de olhos tao abertos... que me parece tudo novo, tudo extraordinario.
Halong Bay... sim... este sitio teve esse efeito em mim... foi de tal forma "violento" que ja estava ansiosa por sair de la... a beleza que os meus olhos viam, a paz que se respirava, esta a tornar-se sufucante... e estranho que sensacoes tao boas me facam querer afastar por momentos... estava a ser demais para mim...
Nunca me tinha acontecido isto... querer parar com algo que me estava a fazer tao bem...
Halong Bay e um baia com muitas muitas ilhas (nao tenho aqui o guia para vos dizer quantas), umas mil e tal... a agua e azul turquesa quando o sol brilha mais um bocadinho, os barcos navegam calmamente sem baloucar, dorme-se tranquilamente sobre a lua cheia, acorda-se com o nascer do sol atras da montanha verde que se ergue no mar. come-se peixe fresquinho, mergulha-se junto a ilha dos macacos, pisa-se a areia fina... mais um banho de sol... mais uma paragem no meio da baia, visita-se uma gruta incrivel, tentamos pescar sem sucesso na popa do barco... vemos na televisao as noticas que passam numa lingua estranha, mas reconhecemos no mapa o tufao que rumou para sul... antes das 10 da noite ja todo o barco e toda a baia dormem profundamente... que paz...
No segundo dia trekking na reserva natural da ilha de Cat Ba... que incrivel... mesmo com dificuldade em respirar por causa da constipacao, o esforco vale a pena... a subida e ingrime em alguns sitios, chegamos mesmo a trepar agarrados a rochas ou a ramos, troncos ou raizes das arvores, o ar e limpo e a vista la de cima da antiga torre de vigia e impagavel...
A noite... desta vez na marginal da cidade de Cat Ba (a unica cidade destas ilhas)... o passeio ao luar, a olhar os barcos de pescas, a musica a tocar la ao fundo e o sorriso simpatico das pessoas que por aqui andam todas as noites.... hum... que boas recordacoes... fazem-me lembrar a marginal do Mindelo... fechei os olhos e por momentos pareceu-me ter regressado a essa ilha incrivel, parecia-me que estava a passear lado a lado com os meus amigos (a minha familia de la), mais a frente o cheiro de comida e a musica faziam-me lembrar o nosso poiso dos domingos a noite... a pizzaria da Teresa onde se comia ao ar livre entre o Centro Cultural e o Clube Nautico... e este calor... era mesmo esta a temperatura que la sempre me fez sentir bem.... Sodade, oh que Sodade, Cabo Verde e sabe, sabe, sabe, sabim....
Beijinhos muito grandes a todos os que em Cabo Verde partilharam comigo dias e momentos como este de que me lembrei.
Agora de regresso ao Vietnam... estamos novamente na confusa capital Hanoi... o barulho das motas ja comeca a ser familiar, e o cheiro da comida nas cozinhas de ruas ja chama por nos para jantar. Talvez seja hoje o dia de ir a uma discoteca... temos tentado ir, mas o cansaco tem sido sempre mais forte... amanha visita cultural, em principio... logo se ve... se tudo correr bem amanha e o segundo dia de ferias que nao vamos por o despertador a tocar antes das 7 da manha...
Beijinhos para todos, de todos, obrigada pelos vosso mails e comentarios, estamos sempre a lembrar-nos de voces... pensamos sempre quais seriam as vossas caras, reaccoes e comentarios perante as novidades que apareceram nesta nossa viagem... enfim... vivemos convosco tambem esta nossa aventura.

Sunday, December 3, 2006

Depois de Sa Pa, Hanoi e depois...

Ola a todos

sao 5:45 da manha e acabamos de chegar de mais uma viagem de comboio.
Vou resumir-vos os ultimos dias.
Depois de chegarmos ao aeroporto de Hanoi, vindos de sul, apanhamos um minibus que supostamente nos levaria ao hotel, logo a entrada da cidade apanhamos um acidente entre uma mota e um camiao... mau pressagio para a entrada na grande cidade... O Sr (para nao lhe chamar um coisa pior) que conduzia o minibus, para alem de nao falar uma palavra de Ingles ou qualquer outra lingua ocidental, andou as voltas e voltas no "Old Quarter" de Hanoi, ia falando ao telemovel e apanhando pessoas a tentar impingir hoteis. Ja estavamos avisados que isto podia acontecer, por isso tinhamos hotel marcado. Ao fim de longos minutos a gritar com o Sr (qualquer um de nos ja estava a ponto de lhe dar um par de estalos) a exigir que nos levasse ao nosso hotel, que parasse de seguir os chatos das motas e que parasse de nos tentar enganar, la conseguimos sair do minibus, numa qualquer rua do bairro. De mochilas as costas e com os chatos dos hoteis a nossa volta que nem abelhas a volta do mel, la conseguimos entrar num qualquer hotel para fugir a confusao. Conseguimos telefonar para o nosso hotel e percebemos que o nosso lugar ja estava ocupado, entao procuramos dormida e ficamos mesmo no hotel do lado, ja vencidos pelo cansaco.
Para tentar acalaar um bocado, 4 de nos foram dormir, e os outros 3 foram tentar ainda comer qualquer coisa. O unico sitio que ainda estava aberto era um tasco de rua, cujo nivel de higiene e impossivel de descrever, pediamos a comida que havia, e la vieram uma sopa de noodles com todos. Nao faco ideia do que comi, sei que estava bom e que caiu lindamente. Nestes sitios e melhor nao tentar perceber o que se come, nem como foram preparadas as coisas, pois se o fizermos o mais provavel e passar fome.
No dia seguinte fomos dar um volta pela cidade, e aos poucos e poucos a nosso impressao foi melhorando. Afinal isto tem a sua piada... ruas estreitas, muito barulho, muits motas, cada rua tem um monte de lojas para o mesmo tipo de produtos, como era a nossa baixa (rua dos artigos para os templos, rua dos sapatos, rua da roupa, rua dos acessorios de construcao, etc). Mas sobre esta cidade falo mais tarde.
A noite apanhamos um comboio que nos levaria para as montanhas no interior norte, Sa Pa. O frio era imenso, nao estavamos preparados... muita neblina e chuva miudinha, e uma paz... Este sitio e lindo... fizemos um pequeno trekking pelas aldeias das "minority people" que cultivam arroz em sucalcos, criam bufalos, porcos, galinhas, patos e caes, tudo isto para comer. Fumam cachimbo de agua a volta a fogeira e no fim da refeicao oferecem-nos batata doce assada... as palavras nao consegume descrever e as fotografasi nao conseguem captar a beleza do local.
Ao fim da tarde, quando o nevoeiro aumentava, a visita ao mercado local era algo a nao perder... mas o que vimos foi mais chocante do que imaginei... vendem de tudo, incluindo cao (cozinhado como se fosse leitao da bairrada)... que impressao...
Depois do jantar tivemos um espectaculo de dancas, cantares e musica tradicional destes grupos locais.
Mais uma noite passada e desta vez com temperaturas muito pouco agradaveis...
Acordamos bem cedo de manha, e rumamos para Bac Ha, mais uma localidade no meio da montanha onde se encontra o maior mercado da regiao. No regresso a estacao de comboio um paragem junto a fronteira com a China... aquele pais que no meu mapa mental esta sempre tao longe, aqui estava mesmo na outra margem do rio.
Regresso no comboio da noite para Hanoi, desta vez com uma valente constipacao em cima... vimos a cidade a acordar, estamos agora a actualizar os mails, a tomar o pequeno-almoco e logo depois vamos apanhar o autocarro para a ultima viagem, a visita mais aguardada Halong Bay... de maquina fotografica em punho e mochila as costas, vamos navegar para longe do tufao (que esta agora a passar no centro do pais, onde estivemos na semana passada), para uma das mais bonitas baias do mundo.
Beijinhos de todos para todos, obrigada por lerem as nossas aventuras e pelos comentarios. Desculpem nao estar muito inspirada hoje mas a constipacao e o horario nao ajudam.